terça-feira, 29 de abril de 2008

Ok ok, prometi que não ia ficar criando textos enormes aqui... mas MENTI!

Confesso que sempre achei meio estranha e de certa forma até meio ridícula essa onda dos blogs quando são usados para externar a vida pessoal dos seus donos... tanto que quando me propus a pôr o '1001 palavras' no ar, foi para expor meus trabalhos gráficos. Bem, descobri que é extremamente tentador utilizar o blog para expressar opiniões e idéias. Caso você não queira ler um texto (grande) que fale sobre um assunto que julgo importante, mas que não tem nenhuma relação (pelo menos não direta) com qualquer assunto recente é só pular esta postagem, não me ofenderei.

Um dos aspectos humanos que mais me intrigam é a questão dos “distúrbios” comportamentais, fobias, ansiedades, zique-ziras em geral e afins e como isso é tomado por nós constantemente como um problema novo, como um “mal-dos-novos-tempos” por assim dizer. A que se deve isso? Os seres humanos são biologicamente idênticos há milênios. O que mudou, se é que mudou?

De maneira geral, vemos figuras históricas como verdadeiros heróis, com sua bravura inexorável oferecendo o peito como escudo e a fé como espada contra todos os inimigos. Nunca ouvimos falar que os guerreiros que estiveram dentro do cavalo de tróia se sentiram claustrofóbicos ou que um exército perdesse uma batalha devido a desmaios ansiosos de alguns generais. A única exceção à regra talvez seja a depressão, que aparece (na forma de melancolia ou tristeza) salpicada aqui ou ali entre alguns vultos históricos.

Tenho minha opinião a respeito disso. Deixo claro que história passou muito longe de ser minha matéria preferida na escola, portanto posso cometer gafes nessa área sem peso na consciência.

Acho que o aumento (tanto na variedade de distúrbios quanto na ocorrência dos mesmos) deve-se a três fatores principais: a elevação considerável do ceticismo geral, o aumento exponencial das tarefas e responsabilidades delegadas (explicitamente ou não) a pessoas comuns, como eu e você, aliados ainda à grande quantidade de facilidades que temos e ao inevitável apego a elas gerado por nós mesmos.

Como assim? Quer dizer que essas coisas são ruins? Devemos voltar aos feudos e retroceder socialmente? Não necessariamente, mas para entendermos nossas mazelas atuais, devemos nos debruçar sobre o comportamento de sociedades “extintas” e analisarmos a maneira (poderia dizer até mesmo “brusca”) com que elas se modificaram.

Para começar, temos que ter em mente que praticamente todos os distúrbios comportamentais se devem à tão falada e tão pouco explicada ansiedade. Atribuo a esses três itens grande parte da responsabilidade por esse aumento das “panes mentais” exatamente por considerá-los os maiores geradores de ansiedade contemporâneos.

Vamos analisar os fatores supracitados separadamente:

  • Elevação considerável do ceticismo geral

Não estou falando apenas em acreditar em Deus ou não. Quem dera esse fosse o maior dos nossos problemas enquanto céticos, pois acreditar em Deus quase todos nós acreditamos de uma forma ou de outra. É difícil crer que viemos a Terra como mero acaso ou engano da natureza. Muito embora esse pensamento durante séculos tenha sido dado como “científico” hoje mesmo os cientistas, em sua maioria, são obrigados a se curvar diante da idéia de uma “força cósmica superior” ou algo que o valha.

A problemática em torno do ceticismo é muito mais complexa do que meramente crer em Deus ou não. Esbarra em crer em nossos vizinhos, crer em nossos amigos, colegas de trabalho, namorado(a), marido, esposa ou em nossos filhos. No meu ponto de vista é muito mais fácil crer em Deus, que de certa forma não está sob o nosso julgamento no dia-a-dia e é colocado como algo muito acima do nosso entendimento do que crer no Seu Antônio da padaria e ter a confiança de que ele não vai trapacear no troco do pão. Ou crer que sua esposa ou marido não está lhe traindo ou crer que o Ronaldo não sabia que estava saindo com travestis, enfim...

O que isso tem a ver com ansiedade? Ora, tudo! Não existe em todo o mundo uma fonte maior de ansiedade do que a dúvida!

É torturante levar horas tentando imaginar o que está se passando em outro local neste exato momento; É desgastante gastar o dia tentando deduzir as verdadeiras intenções de uma pessoa que está conversando com você; É simplesmente desumano querer ter o total controle sobre tudo que se passa em sua vida. E fazemos tudo isso, perceptivelmente ou não, propositalmente ou não, conscientemente ou não.

Quando o tempo nos prova por A+B que é simplesmente impraticável viver dessa forma, e sentimo-nos de mãos e pés atados, frustrados e decepcionados com o mundo em que vivemos, temos em nós um caso promissor de ansiedade se instalando.

  • Aumento de tarefas e responsabilidades do cidadão comum

Nas sociedades primitivas, organizações feudais e Impérios havia sempre um traço em comum: A centralização do poder e da responsabilidade e uso deste poder unilateralmente.

Cabia ao cidadão comum, chefe de família de uma sociedade dessas, prover sua família com alimentos, roupas e só! A economia, quase sempre baseada em trocas, dificultava alguns aspectos e facilitava outros. Esposa e filhos agradeciam ao seu provedor pela subsistência e entregavam em suas mãos a sua vida. O Provedor agradecia à figura centralizadora de poder (Rei ou Imperador) pela manutenção de sua existência e achava corriqueiro que, por qualquer motivo essa figura retirasse sua humilde figura do mundo dos vivos, já que este mundo lhe pertencia por direito. A Figura centralizadora de poder agradecia aos deuses (aí as variações aumentam mais) pela bênção de ser realeza em vez de plebe e também achava normal que sua vida fosse ceifada sem mais, já que o poder continuaria através de seu herdeiro e os “deuses” o guiariam pelo caminho da glória eterna.

Esse tipo de sociedade não alimenta ansiedades. Ninguém nesta organização está preocupado em ser "algo mais", em ser promovido, em ser “sacaneado”, ou traído. Uma plebéia não teria coragem de trair seu marido, pela vergonha e desgraça que causaria na vida de seus descendentes. Uma rainha não trairia seu rei, pois sabia que os “deuses” ficariam sabendo e cochichariam no ouvido de seu esposo, que obviamente a mataria. Impunemente. Com apoio popular. E ainda teria dezenas de mulheres mais bonitas e jovens a seus pés querendo ser a nova rainha... ou seja, péssima idéia! Mesmo raciocínio se aplicando a traições políticas ou de qualquer outra espécie.

Façamos uma pequena comparação com a sociedade atual:

Marido trabalha, esposa também trabalha. Filhos na escola o dia inteiro. Será que as crianças estão tirando notas boas? Será que estão em segurança? Ouvi dizer no jornal que tinha um maníaco pelo bairro. Queria ligar pra escola pra perguntar, mas se ligar eles vão falar da mensalidade atrasada. O dinheiro não dá pra nada, preciso arrumar um emprego melhor. Esposa sempre reclama, mas também ela não colabora. Marido reclama, mas não procura nada, esse mosca-morta, bem que mamãe disse que ele não servia pra mim. Crianças querem bicicleta nova, vídeo-game novo, quarto com decoração que passou na tevê, dinheiro pra comprar o lanche na escola, dinheiro para ir ao cinema, dinheiro para comprar roupas novas, dinheiro para ir ao shopping, dinheiro até pra ficar em casa. Se eu ficar sem lazer por duas semanas, consigo fechar as contas no fim do mês. Puxa vida, não deu! Mês que vem vai dar... não deu de novo. Droga de vida, a gente trabalha, trabalha e não pode fazer nada. Quanto tempo não viajo para me divertir, quanto tempo não vou ao teatro ou ao cinema? Melhor alugar o DVD e ver em casa. Droga, o DVD quebrou. Dinheiro pro conserto. Cara da locadora jura que foi meu aparelho que arranhou o disco dele, vou ter que pagar a multa... Estava no contrato que eu assinei. Quem foi o infeliz que teve a idéia de fazer ficha nessa locadora? Acho que foi o cara que trabalha comigo que indicou. Isso faz sentido, acho que aquele desgraçado me odeia e quer puxar meu tapete. Ainda por cima ele dá em cima da minha mulher, pensa que eu não to vendo. Por mim, se ele quiser pode levar pra ele, garanto que ele vai devolvê-la pra mim, falido! Mulher e marido brigam diariamente e vão dormir cada um pra um lado. Marido começa a pintar o cabelo, mulher começa a se produzir mais. Cada um arruma um amante. Medo de serem descobertos. Acusações de lado a lado e brigas agora são duas vezes ao dia. Crianças ouvem brigas e ficam traumatizadas. Querem dinheiro pro psicólogo. Dinheiro pra encher a cara na boate pra esquecer das brigas dos pais. Dinheiro pra roupas novas (agora tem que ter uns modelos mais rebeldes cheios de caveiras). Dinheiro pros comprimidos tarja preta. DINHEIRO.

A figura que centraliza o poder não é mais eleita pelos “deuses”, ela é eleita por você! Isso mesmo, por você! Se ele for um baita ladrão safado a culpa é sua, a responsabilidade é sua... quem deveria ser preso? VOCÊ que votou e não ele, pobre coitado que se rendeu aos encantos da corrupção.

Você começa a achar que o seu carro é o pior em todos os lugares que você estaciona. Precisa trocar a “lata-velha”, mas não pode. Troca mesmo assim, depois dá um jeito de pagar as prestações.

Começa uma guerra do outro lado do mundo e você fica sabendo de tudo, em tempo-real, com centenas de câmeras e o pior: fica viciado naquilo! Precisa acompanhar todas as notícias da guerra, o tempo todo, precisa saber quantos mortos são, entra na Internet pra saber as últimas novidades, logo depois visita o site de meteorologia pra saber se o engarrafamento na saída do trabalho vai ser quilométrico ou “normal”.

Esse acúmulo de tarefas, de preocupações, obrigações, responsabilidades pode gerar, mais cedo ou mais tarde um quadro de ansiedade que, dependendo do indivíduo, se tornará uma fobia, um transtorno-obsessivo-compulsivo, uma síndrome ou uma depressão.

  • Facilidades do dia-a-dia do mundo moderno e como elas podem nos afetar.

Nós somos, atualmente, bombardeados com ofertas de produtos e serviços de uma forma tão constante e intensa que fica difícil recusar todas elas. As estratégias de marketing modernas trabalham “criando” uma necessidade para logo depois suprí-la. Aí então compramos microondas, televisores, aparelhos de DVD, celulares, assinamos TV a cabo, internet banda larga, plano de saúde, seguro de vida, seguro contra roubo do carro, contra incêndio, contra perda da apólice de outros seguros, etc. E qual o grande problema disso tudo? Passamos a nos avaliar como pessoas tomando como base os bens e serviços que temos. Podemos estar com o nome sujo na praça e uma pilha de carnês para quitar, mas o importante é que POSSUÍMOS, CONSUMIMOS, COMPRAMOS.

O consumismo por si só já é uma fonte importante de ansiedade para o ser humano, mas tudo fica ainda pior quando o consumista começa a analisar que essas “facilidades” não vão durar pra sempre até porque o próprio ser humano não durará para sempre. Eu sei que é uma idéia meio estranha achar que uma pessoa se preocupa mais em morrer e ficar sem os confortos da modernidade do que enfrentar o “juízo final”, mas vou utilizar mais uma vez a comparação com sociedades antigas.

Podemos ver, através de filmes e documentários sobre guerras medievais que muitas delas eram causadas por coisa nenhuma: um corte de cabelo que não agrada ao outro, uma árvore plantada no terreno do vizinho, uma mulher bonita disputada por dois reis... e nesses conflitos eram mortas milhares de pessoas que, algumas vezes, nem tinham consciência do motivo que iniciara aquele conflito. As pessoas não tinham um apego tão grande à vida, era simplesmente uma honra morrer pela sua nação ou pelo seu reino e, cá entre nós, acredito que a maioria deles tinha a certeza de estarem, literalmente, indo para uma melhor: um lugar aonde não se tivesse tanto trabalho braçal incessante, com música e cheiro agradável em vez do cheiro de esgoto a céu aberto que corria em muitas dessas vilas e povoados antigos. Enfim, pela lógica havia uma certa “vantagem” em morrer, desde que sua fé sobrepujasse o temor instintivo do ser humano pelo desconhecido.

É claro que hoje em dia existem guerras, mas ainda me apoiando nessa tese do conforto como lupa para o medo da morte podemos desenhar um outro perfil para as guerras modernas:

- Os “cabeças” do conflito não vão ao campo de batalha, “lutam” como se jogassem xadrez com vidas humanas;
- O ingresso nesses conflitos, via de regra, são feitos de forma obrigatória. Os poucos voluntários são quase sempre pessoas em situação precária, que procuram escalada social através do serviço militar;
- Nem sempre acontece a identificação do soldado em guerra com seus superiores e na primeira oportunidade que tem, o soldado volta para casa, deixando a guerra com companheiros; dentre outros aspectos.

Acabei me prendendo um pouco demais nessa questão de guerras, mas o que quero demonstrar aqui é que as facilidades e o conforto de uma vida na sociedade contemporânea lhe “prendem” muito mais à vida, o que amplifica o medo da morte. E como todos nós sabemos desde crianças que um dia iremos morrer e que qualquer tentativa de escapar desta realidade é absolutamente infrutífera, talvez essa seja a maior fonte de ansiedade possível. Acredito que a grande maioria das pessoas que sofrem de ansiedade, depressão, fobias, em qualquer nível, tenha em mente, durante uma crise, as garras da morte se aproximando trazendo o medo do desconhecido na garupa.

- Por que um ser humano se sentiria incomodado num lugar escuro e apertado? Talvez seu subconsciente o remeta a idéia de um caixão;

- Medo de lugares ermos e distantes? A noção de “não ter socorro caso precise” me vem à mente;

- Medo de animais: Ser atacado por um ser irracional, portanto “imprevisível” e não resistir aos ferimentos.

Enfim, claro que nem todas as fobias e síndromes podem ser vistas de uma forma tão simplória assim, mas acredito que se nos esforçarmos para encontrar uma explicação, mesmo que não tão superficial, poderemos encontrar uma versão para “medo do desconhecido” oriunda do subconsciente de cada pessoa.

Matérias médicas recentes já catalogam fobias como “medo de não estar em forma”, “medo de ter esquecido o celular”, “medo de não subir na vida” como patologias, todas elas associadas à facilidades da vida moderna.

Conclusão

Como disse no início do texto, minha tese não é a de que devemos voltar no tempo e esperar que nossa sociedade seja como foi há centenas de anos, mas sim que consigamos isolar alguns comportamentos característicos dessas sociedades e trazê-los para nossas vidas.

Dentre eles, acredito que o mais importante seja a noção de desacelerar. Vários estudos científicos além de disciplinas orientais como a Ioga falam disso. Acredito ser essencial que troquemos a atitude de tentar abraçar o mundo de uma só vez pela de abraçar o seu filho todos os dias. Deixemos de lado um pouco a curiosidade mórbida sobre conflitos do outro lado do mundo, onde não poderemos fazer nada para ajudar e plantemos a paz entre nossos vizinhos.

Que deixemos de ser instantâneos para nos tornarmos mais intensos.

Felippe Felix Neto.

domingo, 27 de abril de 2008

Que cena mais linda...




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sábado, 26 de abril de 2008

Fé em Deus e pé na tábua!


Após semanas de busca, aparece o primeiro sinal do "padre voador"...

Clique na imagem para vê-la ampliada.

1001 Palavras no ar!

Bem-vindos senhores e senhoras.

Meu nome é Felippe Felix, 26 (quase 27) anos na cara e, 10 anos depois da minha primeira conexão de internet e depois de todo mundo já estar colecionando blogs... finalmente eu estou criando o meu primeiro! Antes tarde do que nunca.

Minha idéia para esse blog é falar pouco (o que pra mim é realmente difícil) e mostrar muito... na verdade este blog é para mostrar alguns trabalhos feitos por mim em programas de editoração gráfica (principalmente photoshop, meu xodó).

O diferencial deste blog é o meu compromisso de exibir apenas material próprio, eu sei que o que mais tem pela net são os blogs com coletâneas de imagens engraçadas e com certeza vai haver também trabalhos mais elaborados e bem feitos. Minha proposta é a de ser original! Mantendo o bom-humor e dando preferência aos assuntos e notícias atuais.

O meu único pedido é que, se alguém quiser utilizar algum material postado aqui, que mantenha os créditos na imagem, afinal a minha intenção é apenas o entretenimento mas, acreditem, elaborar este tipo de material quase sempre dá MUITO trabalho...

Pra quem queria falar pouco, este primeiro post já foi extenso demais, prometo que tentarei evitar que isso se repita! hahahah